Primeira Leitura: 1Sm 16,1b.6-7.10-13a

Salmo: Sl 22

Segunda Leitura: Ef 5,8-14

Evangelho: Jo 9,1.6-9.13-17.34-38

O salmo expressa o que aconteceu com Davi na primeira leitura. Davi, que era um pastor de profissão, se torna uma ovelha por essência. O futuro rei de Israel, nesse dia, conhece o Enviado de Deus, Samuel, que representa o próprio Deus.

De pastor a ovelha. No rito da unção, Deus é o Verdadeiro Pastor que dá a Sua Vida à sua ovelha, o pastor Davi.

Davi não escolheu Deus, mas foi escolhido por Ele. Por causa dessa escolha, Davi vê quem é Deus. Antes era cego de nascença, não via a verdadeira Luz.

Que alegria poder ver! Quão satisfeitos são aqueles que podem ver os criados por Deus. Tal Pastor é revelado aos homens como Pai, não mais por um representante, mas por Aquele que é a Imagem do Pai, Jesus Cristo. verdes prados e campinas verdejantes

O cego de nascença do Evangelho experimenta a sensação de poder ver as coisas terrenas. No entanto, não consegue ver quem é Aquele que o devolveu a luz. 

Da mesma forma ocorre com muito cristãos batizados ou iluminados, pois são feitos, pelo Senhor, luz, segundo São Paulo. Para o cego e para muitos cristãos, Aquele que mudou suas vidas é um indivíduo que se chama Jesus.

Ainda não se percebe a alegria do cego em ver as coisas ao seu redor da mesma forma que não se percebe a alegria de muitos cristãos em serem iluminados. Não se sentem aquilo que já são: Filhos de Deus!

Sentem, como o cego, um grande vale escuro que questionam suas almas: Onde está Deus? A mesma pergunta feita para o cego pelos fariseus que o atormentavam interrogando: Onde está Ele?  

No caso do antigo cego, serão os fariseus, a personificação das trevas, que o lembrará, mesmo sem intenção de o fazer, o que Cristo realizou em sua vida: Ele te abriu os olhos. Com isso, o antigo cego declara que Cristo não é só um estranho, mas Profeta, um homem de Deus que o faz viver o que o salmista declara: No vale escuro, não temerei, pois ainda lá tu me acompanhas!

Como seria bom se os cristãos percebessem que nem as trevas podem fazer com que deixem de ser o que já são: iluminados.

Os problemas do cotidiano são as trevas de muitos cristãos ocasionados, muitas vezes, por aquilo que São Paulo afirma, em vez de denunciar as obras das trevas praticam-na. Praticando-as se afastam da Luz que é Deus.

Quem dera se os cristãos pudessem entender que, mesmo sem querer, as trevas os auxiliam a se aproximar da Luz, através do sacramento da reconciliação em que os pecados são perdoados pela misericórdia de Deus. Sim! O reconhecimento dos pecados atrai Deus ao homem e vice-versa.

As trevas não se conformam com Deus, da mesma forma que os fariseus não se conformam com Cristo. Tentam invalidar o testemunho do antigo cego colocando até os seus contra ele.

O antigo cego está sozinho, mas certo de que a Luz invadiu a sua vida, foi escolhido por Ela que o sossega segundo o salmista. A Luz o acompanha, o unge e o alimenta como o Pastor do Salmo.

Nesse momento de solidão, Jesus o encontra novamente. No diálogo, o antigo cego percebe que está diante Daquele que mudou sua vida de trevas, representada pela cegueira, em luz, representada pela visão.

A Luz o envolve e ele se deixa envolver se prostrando e afirmando: és mais que um simples indivíduo, és mais que um profeta, és Senhor! Aquele homem diz: Deus veio até mim, Deus mudou minha vida.

Quem dera se os cristãos aguentassem a perseguições das trevas, que muitas vezes afastam quem eles mais amam por causa do verdadeiro amor que está em denunciar os erros alheios, pois são “Siloés” ou Enviados de Deus para os seus.

Para aguentar tal perseguição, Deus faz às suas ovelhas o que salmistas ora: põe diante de mim uma mesa. Deus alimenta os cristãos com o Seu Corpo e Seu Sangue, para dizê-los, quando o desânimo e o cansaço bater: Desperta tu que dormes! Levanta-te da morte da tristeza provocada pela incompreensão.

Incompreensão que o Deus feito homem também sofreu. Incompreensão que o levou para a Cruz, fazendo dela instrumento para iluminar o mundo. Com isso, Deus mostra como fazer luz os seus: morrendo para si e vivendo na verdade para o outro, pois assim se viverá no amor, se viverá em Deus que é o Amor.

Viver nesse Amor que nasce da Cruz é deixar de viver para que Cristo viva! É deixar que o Filho de Deus resplandeça para sentir a alegria que está no nome do Senhor em saber, de forma experiencial, que Ele é o Pastor e nada faltará!