Virtudes - Texto de Marcos
Depois de muito refletir a respeito da vivencia de nossa fé no dia-a-dia, me deparei com algo que efetivamente deixamos todos para trás e acabamos dando pouco crédito quando deveria na verdade ser o centro de nossa vivencia como católicos.
Devemos a cada momento doar nossa vida a Deus, e pedir para Ele que nos conduza e nos guie, essa é a base para muitas espiritualidades, mas na prática fica faltando a nossa parte, o nosso esforço e a nossa busca pela perfeição.
Além de pedir a Deus, devemos buscar e exercitar em nós, as nossas virtudes, o catecismo define as virtudes humanas da seguinte forma:
“1804 - As virtudes humanas são atitudes firmes, disposições estáveis, perfeições habituais da inteligência e da vontade que regulam nossos atos, ordenando nossas paixões e guiando-nos segundo a razão e a fé. Propiciam, assim, facilidade, domínio e alegria para levar uma vida moralmente boa. Pessoa virtuosa é aquela que livremente pratica o bem.”
Logo, o exercício das virtudes é o que nos leva a viver o bem e alcançar a Deus, não que possamos ter méritos o bastante para merecê-Lo, mas, devemos buscar sempre o máximo de nós.
Quais seriam essas virtudes e como devem ser vividas?
Voltamos ao catecismo para conseguir a lista com as quatro principais virtudes, as virtudes cardeais, da onde brotam todas as outras.
“1834 - As virtudes humanas são disposições estáveis da inteligência e da vontade que, regulam nossos atos, ordenando nossas paixões e guiando-nos segundo a razão e a fé. Podem ser agrupadas em torno de quatro virtudes cardeais: a prudência, a justiça, a fortaleza e a temperança.”
Fácil é falar que devemos viver tais virtudes, mas o que compreende cada uma delas, como alcançá-las? Para nossa sorte, temos novamente o Catecismo, mas para facilitar o debate, peguemos o Compendio.
“380. O que é a prudência? 1806 1835
A prudência dispõe a razão para discernir em todas as circunstâncias o nosso verdadeiro bem e a escolher os justos meios para o atingir. Ela conduz as outras virtudes, indicando-lhes a regra e a medida. “
Logo, a prudência, que não pode em momento algum se confundir com medos ou receios, e sim com a correta compreensão de cada situação deve ser base para nossa vivencia, deve ser inicio e fim de todos os nossos atos e até mesmo da realização das outras virtudes.
É pela prudência que determinamos os limites, compreendemos nossa liberdade e nossa aceitação ao bem, com ela podemos determinar até que ponto nossos atos ajudam ou atrapalham nosso relacionamento com Deus.
Sem a prudência, a melhor intenção do mundo, a maior disposição ao bem pode se tornar dolosa e acabar levando ao erro não só quem a perde, mas aqueles que estão ao seu redor.
“381. O que é a justiça? 1807 1836
A justiça consiste na constante e firme vontade de dar aos outros o que lhes é devido. A justiça para com Deus é chamada «virtude da religião».”
Em alguns momentos na sagrada escritura temos a graça de ver que existiam homens justos, e sua justiça estava exatamente em saber a medida de dar a Deus e aos homens o que lhes é merecido.
A Deus não existem limites ao merecimento, toda honra e toda glória, toda nossa vida deve ser dada pois é justo, sendo Ele quem nos deu a nossa vida.
Aos homens, voltemos ao Catecismo, a retidão de conduta, tratar a cada um como merecem, como filhos de Deus, auxiliando a quem for preciso e caminhando junto daqueles que estão ao nosso redor, dando a honra merecida não por títulos e questões humanas, mas pela dignidade de ser criado a imagem e semelhança.
“O homem justo, muitas vezes mencionado nas Escrituras, distingue-se pela correção habitual de seus pensamentos e pela retidão de sua conduta para com o próximo.”
Respeitar as pessoas dentro de suas diferenças e demonstrar a verdade muitas vezes é um ponto da Justiça que se complica, pois na ânsia de ensinar falhamos no respeito, e no desejo de respeitar deixamos de dar a Deus o nosso máximo, levando Sua Igreja, voltemos a prudência para avaliar a forma certa e a medida correta para cada uma de nossas ações, sem em momento algum ferir a dignidade da pessoa, e sem deixar o dever para com Deus.
“382. O que é a fortaleza? 1808; 1837
A fortaleza assegura a firmeza nas dificuldades e a constância na procura do bem, chegando até à capacidade do eventual sacrifício da própria vida por uma causa justa.”
Constância, determinação, entrega, são características daqueles que conseguem construir sua fortaleza em Deus.
A fortaleza é o que precisamos exercitar para conseguir, em meio a tribulações, ataques, ofensas, permanecer em Deus e não dar um passo sequer à trás.
Para superar no nosso dia-a-dia as tentações a que somos expostos, as dificuldades e trabalhos que somos levados a viver, manter a perseverança no meio da tribulação.
E aqui não falo apenas das tentações carnais, mas também as morais, quantas vezes não nos entregamos a medos, tanto de mudar quanto de não mudar, de seguir aquilo que se deve de maneira correta, sem aumentar ou diminuir, até de seguir o que a Igreja determina, sem querer ser mais do que a Igreja, fazendo o que ela não determina, ou querendo que ela deixe de caminhar de acordo com suas necessidades pastorais.
Fortaleza é aquilo que precisamos buscar, para que nossos medos sejam deixados em seu devido lugar, e que apenas Cristo e sua Igreja sejam nossos guias.
“383. O que é a temperança? 1809 1838
A temperança modera a atração dos prazeres, assegura o domínio da vontade sobre os instintos e proporciona o equilíbrio no uso dos bens criados. “
Essa é a base para moderar nossa vida, nossas decisões, é o buscar controlar nossas paixões e impulsos, nosso instinto decaído.
Sem ela nos tornamos impulsivos, perigosos, ofendemos com facilidade ao próximo e ferimos aqueles que nos cercam.
Precisamos exercitá-la a fim de controlar o mal que reside dentro de nós como conseqüência do pecado original.
Resumindo as virtudes, com o próprio Catecismo:
“1809 - Viver bem não é outra coisa senão amar a Deus de todo o coração, de toda a alma e em toda forma de agir. Dedicar-lhe um amor integral (pela temperança) que nenhum infortúnio poderá abalar (o que depende da fortaleza), que obedece exclusivamente a Ele (e nisto consiste a justiça), que vela para discernir todas as coisas com receio de deixar-se surpreender pelo ardil e pela mentira (e isto é a prudência).”
Marcos
Paroquiano